F. C.
Falsos Lentos: Fecha Portas
Algures em 2007 um grupo de atletas sem clube (com razões
óbvias e à vista de todos pela falta de qualidade nos pés) mas com vontade de
jogar sempre, de campo em campo na tentativa de encontrar uma casa que os
acolhesse e formassem o “tal” Clube, onde jogassem sempre porque todos seriam
os donos da bola de jogo e não estavam sujeitos a uma avaliação de um treinador
que procurava qualidade nos pés e que de certeza por isso nunca os colocaria a
jogar noutro clube.
Eis, que a 12 de Abril de 2007 é fundado o F. C. Falsos
Lentos sem casa, sem bola, sem coletes, sem qualidade, apenas existia a vontade
de dar uns chutos ao lado, e que foi até hoje um Clube de altos e baixos a todos
os níveis, financeiro, qualidade futebolista, zaragata, convívio, presidência,
galas com entrega de prémios, etc.
Com a boa e também alguma má vontade de todos o Clube lá foi
indo de golo em golo, de cacetada em cacetada, de chapada em chapada (sim
também houve), de boca em boca (não da de publicidade mas sim a de provocação
um ao outro) e de prémio em prémio (jogador árbitro, melhor jogador do mundo,
melhor marcador, top cueca, bidon d`ouro, etc), passando pelas mãos de vários presidentes,
até alguns anos sem presidência ficando apenas nas mãos de um roupeiro e tesoureiro
(o ponto em que já esteve o Clube, ter chegado aos dias de hoje é um pequeno
milagre).
Todos os ingredientes para um jogo explosivo estavam lá e a mística
“Falso Lento” estava criada, conseguiu-se uma casa que seria até hoje o Estádio
oficial do Clube onde todas as segundas-feiras pelas 20:30-22h era sagrado
marcar presença na arena.
Os atletas tinham fome de (alguns ainda não sabem bem de quê,
mas tinham) bola, de deitarem para fora todos os problemas do dia a dia em
campo e no colega através da falta ou da provocação direta, havia luta pelo
prémio anual que estava em disputa, comprometidos pela causa deixavam a
lareira, a mulher em casa de beiço se fosse preciso e não faltavam por nada.
Era como se da sua vida se tratasse, era obrigatório estar lá para ganhar (alguns
era só para impedir que outros não ganhassem) … o banho depois do treino, isso
sim, era garantido (ninguém falou se era de água quente ou fria) e a janta
depois do treino com alguns atletas, fosse no restaurante O Côdea ou uma bifana
numa relote qualquer.
Verdade é que esta mística (fazendo algum sentido ou não para
alguns) fez com que chegássemos aqui hoje passados estes 16 anos (-2 anos pandemia),
com algum lamento é certo, mas também com bastante satisfação por estes anos
todos de convívio. Passaram pelo Clube bastantes atletas e hoje já restam muito
poucos dos que estiveram na sua fundação, mas como último presidente do Clube e
ter estado na fundação como atleta, tenho a certeza que todos levaram daqui
bons momentos e é isso que no fim conta para a história.
Hoje, o clube está em dificuldades provocadas na sua
totalidade pelas vicissitudes da vida (pandemia, atletas que casaram ou
divorciaram e perderam a liberdade/mística, outros tiveram filhos ou escolheram
outros clubes, etc), sentenciando um fim que já se adivinhava a algum tempo
devido aos problemas financeiros e de falta de atletas que afetavam gravemente
o Clube.
A respeito das finanças na reta final para o encerramento do
Clube conseguiu-se uma proeza, terminar com património próprio (uma bola que
foi vendida a um sócio) e saldo positivo nas contas, fruto da recuperação de
grande parte de dividas dadas como prescritas pela incapacidade de cobrança por
parte do tesoureiro ao longo dos anos. Ainda, e não menos importante, também
fruto da doação de créditos e donativos extras para o saldo de caixa.
Assim, terminamos com saldo de caixa de 200€ que vão ser
doados à Instituição Crescerser (Casa de Acolhimento Casa do Canto).
Em divida eterna por parte de alguns atletas fica o valor de
178,50€ que foi considerado como incobrável por diversas razões.
Encerramento Oficial: 17 de Março de 2023
O Clube encerra as portas definitivamente.